O que é o tempo? Se ninguém pergunta isso, eu não me pergunto, eu o sei; mas se alguém me pergunta e eu quero explicar, eu não o sei mais.
(Agostinho de Hipona)

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O Século dos Kennedy

Durante toda a História da humanidade, existiram famílias que, violentamente, demonstraram o seu poder na esfera tanto econômica e social quanto política e religiosa. Como foi o caso dos Borgia na renascença e os Tudor na realeza britânica. Mas nenhuma família durante todo o século XX foi tão poderosa, escandalosa e ambiciosa quanto os Kennedy. Descendentes de irlandeses, cheios de preconceitos, sempre carismáticos, fotogênicos, católicos devotos e puladores de cerca, a família chegou ao topo da sociedade norte-americana cercada de mistérios e tragédias que até hoje muitos estudiosos tentam explicar. O biógrafo parisiense François Forestier, escreveu em seu livro “Marilyn e JFK”: A ética era uma ótima coisa para padres, camponeses e carolas. Não para os Kennedy!

O patriarca, Joseph Patrick Kennedy, conseguiu lucrar milhões em plena Depressão de 1929. Muitos suspeitam que ele tenha tido ligações obscuras com gangsteres e máfias norte-americanas, além é claro, da sua jogada de mestre durante a Lei Seca, dirigindo secretamente uma grande importadora de bebidas alcoólicas. Ele e Rose Fitzgerald Kennedy, sua esposa, tiveram ao todo nove filhos. E de brinde, o patriarca tinha como amante a renomada atriz Gloria Swanson. De todos os nove filhos, John Fitzgerald Kennedy se sobressaiu. Ele foi o 35º presidente dos Estados Unidos do ano de 1961 a 1963. John era casado com Jacqueline (Jackie) Kennedy, uma mulher belíssima, sedutora e atenciosa. No entanto, seguindo os infiéis passos do pai, John teve relações amorosas com um dos maiores ícones sexuais daquele século: Marilyn Monroe. Quem não se lembra do famoso “Parabéns a você” cantado pela própria Marilyn durante os 45 anos do presidente? Você achou que foi só aquilo? Engano seu. Os Kennedy eram como qualquer outra dinastia poderosa da época. Nas manchetes dos jornais eles eram a família perfeita. Já nos cômodos da mansão, mentiras e intrigas políticas rondavam tanto os filhos quanto o pai. Festeiros? Com certeza. Sempre com um copo de uísque a mão e ao som de Frank Sinatra, um dos melhores amigos do clã e sem dúvida alguma, um dos melhores cantores do século XX, a família bebia, comia, ria e conversava. Dinheiro não era problema. Os problemas eram outros. Recentemente, documentos secretos publicados pelo FBI acusam os três irmãos - John, Bobby e Ted - de organizarem festas com muita orgia, bebida e música com a presença indispensável do próprio Sinatra e da bela Marilyn Monroe (o FBI vivia constantemente na cola do Kennedy e de seus “agregados”).

Bom, retornando para o impasse conjugal do principal casal da dinastia, Jacqueline sempre suspeitou da infidelidade do marido, mas o pai, Joseph, suplicava para que ela não o deixasse em plenos holofotes da política (pegaria mal, não acha?). Em uma das conversas entre sogro e nora, Jacqueline pergunta ao patriarca se ele pensa que todos podem ser facilmente comprados. Ele responde: “Eu nunca vi uma exceção”. Ela então o enfrenta: “Agora o senhor viu”. No auge do seu governo, JFK morre numa tragédia ainda sem grandes explicações. Em uma carreata junto ao governador de Texas, John Connally, e ao lado de sua esposa, no dia 22 de Novembro de 1963, ele é atingido por dois tiros certeiros vindos – ou não – do fuzil de um dito cujo chamado Lee Harvey Oswald. Jacqueline organizou o funeral do marido e honrou seu nome diante da maior nação da Terra. O jornal britânico Evening Standard publicou na época: "Jacqueline Kennedy deu ao povo americano uma coisa da qual eles sempre careceram: majestade". Mais um Kennedy ceifado da família. Essa não foi a única tragédia vivida pelo clã e, certamente, não seria a última. Anos antes, em 1941, a filha Rosemary morre graças aos seus frequentes ataques epiléticos. Já durante a II Guerra, o filho aviador Joseph Jr., morre pilotando um avião em plena batalha. Algum tempo depois, em 1948, falecia na França em consequência também de um acidente aéreo, Kathleen Kennedy, a filha rebelde que tinha cortado laços com a família devido às desavenças com o pai. Em 1968, faltando pouco para chegar à presidência, o então senador Robert (Bobby) Kennedy é assassinado em Los Angeles, no grande Hotel Ambassador. Os irmãos John e Robert Kennedy foram vítimas de assassinatos envolvendo grandes teorias conspiratórias e eventos políticos misteriosos, antes e depois de suas mortes. Fatos secretos que até hoje intrigam pesquisadores, historiadores e claro, os conspiradores de plantão. Teria o patriarca condenado os filhos? A máfia, a CIA e o FBI jamais se esqueceriam dos Kennedy, jamais. Porém, o tempo não os apagou da História.

Como qualquer outra família rica e poderosa, eles sentiram o gosto da vitória e também choraram a perda de entes queridos. Em 1969, o “papai K.” morre deixando para o restante da família uma herança de quase 500 milhões de dólares. Agora viúva, Jacqueline (esposa de JFK) se casa com o magnata grego Aristóteles S. Onassis e continua brilhando como exemplo fashion a ser seguido pelas americanas da alta sociedade. Após ter conquistado o mundo da moda e da fama, Jackie morre no final dos anos 90. A matriarca Rose F. Kennedy falece no dia 22 de janeiro de 1995 com incríveis 104 anos de idade, vítima de uma forte e letal pneumonia. Ted Kennedy morre em 2009, após ter vivido uma vida política fantástica. No mesmo ano de sua morte ele representa os Kennedy na posse do então presidente Barack Obama, apoiando 100% sua candidatura. Após todas essas tragédias teriam os Kennedy algum tipo de “maldição”? Provavelmente. Você leitor, deve estar chocado com a quantidade de mortes que citei, não é mesmo? Deve estar se perguntado: Mas e em vida, o que eles fizeram para ser tão poderosos assim? Simples. Jogos de poder, corrupção, escândalos milionários, carisma e belas fotos, levaram os Kennedy até a Casa Branca. Sim, eles também foram uma família normal. Jantares, brigas entre irmãos, discussões constantes entre pais e mãe e tardes de domingo na piscina. Porém, no decorrer do século a família se desfaleceu. Em suma, não podemos negar que desde o começo da grande Crise de 29, passando pela II Guerra Mundial até às grandes tensões nucleares da Guerra Fria, os Kennedy estavam lá. Sendo assim, podemos concluir que, sem duvida nenhuma, eles foram a linhagem mais poderosa de toda a História dos Estados Unidos da América.

(Artigo dedicado ao meu amigo Luís Américo, minha bisavó Yvoneti Bessa Contieri e meu avô Silvio Mazzalai Machado, grandes apreciadores da História do século XX).

Luis Felipe Machado de Genaro

Nenhum comentário:

Postar um comentário