O que é o tempo? Se ninguém pergunta isso, eu não me pergunto, eu o sei; mas se alguém me pergunta e eu quero explicar, eu não o sei mais.
(Agostinho de Hipona)

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Do Florestal ao Imoral

“Agora está nas mãos dos senadores”, disse Marina Silva. E a incógnita permanece cravada na nossa sociedade até os senadores brasileiros possuírem uma resposta para o novo Código Florestal. Marina Silva, diferente da maioria dos políticos da atualidade, sempre lutou para que houvesse um equilíbrio real entre o meio ambiente e a agricultura. Porém, as coisas estão começando a ficar complicadas para todos aqueles, que assim como ela, estão dispostos a estabelecer esse equilíbrio.

Foi redigido pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) o novo código florestal. Isso pode não alterar muito o nosso dia a dia, não é? Então eu lhes digo: Sim, vai alterar tudo ao nosso redor. Desde o século XVIII e XIX o meio ambiente vem sendo devastado pelo ser humano, piorando ainda mais o aquecimento global da nossa era. Isso é um fato! Tudo isso gira em torno do capitalismo selvagem provocado pelo próprio homem desde o surgimento das fábricas e indústrias. Pra que se importar com alguns quilômetros de floresta? Aves, peixes, animais? Pra que salvar as baleias ou não fazer uma queimada aqui ou ali? Hoje, o que importa mesmo é “extinguir, ganhar e consumir”, lema da maioria da civilização do século XXI. Pois bem, o Brasil atualmente é abençoado por possuir as florestas mais belas, os rios mais limpos e aqüíferos mais majestosos. Também é um dos maiores produtores de alimentos agrícolas de todo o planeta. Se o novo código florestal for aprovado, as pequenas áreas de proteção ambiental “permanentes”, que são extremamente importantes para o ecossistema, serão extintas. São essas áreas de proteção que nos garantem água, proteção do solo a manutenção da biodiversidade. Também está contido no novo código que antigos desmatadores, bandidos e ladrões de madeira fiquem livres, pois serão anistiados pela própria lei. O que os impede de recomeçar a destruição? E mais, está previsto também que as pequenas propriedades rurais não precisariam mais replantar e proteger as “reservas legais”, pequenas aglomerações de florestas que, como as áreas de conservação permanente, ajudam a equilibrar o meio ambiente e proteger animais e rios. Uma das maiores líderes sócio-ambientais da História, Marina Silva, disse em uma entrevista: “Essa proposta é um terrível retrocesso na legislação ambiental brasileira”. E é justamente isso que Marina tem feito da sua vida. Uma luta constante por um futuro melhor. Primeiramente, milhares de ambientalistas, cientistas, biólogos, políticos, jovens leitores, jornalistas, o próprio instituto Greenpeace e professores universitários da área de biológicas da USP, UNESP e PUCs, já demonstraram um profundo desafeto e criticaram fortemente o novo projeto de reformular o Código Florestal. Será que os senadores serão tão imorais ao ponto de bater de frente com a própria população, acadêmicos e institutos?

Um encontro histórico entre dez ex-ministros do Meio Ambiente ocorreu em maio deste ano. Uma carta aberta redigida pelos dez indivíduos foi entregue a chefe de Estado Dilma Rousseff. A própria também não estava e ainda não está nada satisfeita com a nova proposta apresentada por Aldo Rebelo. Todos os ex-ministros consideraram o novo código como algo “perverso” e todos concordam que isso significa um retrocesso na política ambiental brasileira, que foi "pioneira" na criação de leis de conservação e proteção de recursos naturais. Tanto o governo quanto os ambientalistas prometem uma “revanche” contra o senado para tentar de uma vez por todas mudar essa situação.

Por certo, NÓS, meros civis, ainda estamos aqui para reverter tal situação. É ignorante quem pensa que eu e mais todos os que são contra o novo Código Florestal são contra o avanço da agricultura. Nunca! Desde a revolução agrícola no início da antiguidade até o século atual, a agricultura tem sustentado e evoluído junto com a humanidade. Um sistema social de extrema importância para a sobrevivência da nossa espécie. É claro, assim como as florestas, a água, o solo e o oxigênio. O ser humano precisa de equilíbrio. Devastar florestas e anistiar desmatadores não resolverá o nosso problema. Um problema que vem desde a revolução industrial até os governos gananciosos da Nova Ordem Mundial. Creio que a frase do escritor e filósofo francês Victor Hugo se encaixa perfeitamente nessa caótica questão: “É tão triste pensar que a natureza fala e que o gênero humano não a ouve.”

Luis Felipe Machado de Genaro

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