O que é o tempo? Se ninguém pergunta isso, eu não me pergunto, eu o sei; mas se alguém me pergunta e eu quero explicar, eu não o sei mais.
(Agostinho de Hipona)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Mitos e Deuses

Inicialmente, a História do mundo foi contada oralmente através de mitologias unidas à eventos épicos e sobrenaturais – assim como a criação dos seres vivos e de todas as outras coisas. Porém, cada civilização ao longo dos séculos contou uma história diferente. O que nos remete a uma reflexão um tanto pouco polêmica: Quem está certo e quem está errado? Infelizmente eu não possuo essa resposta, entretanto podemos deixar a nossa própria fé de lado para nos aventurar no fascinante mundo das mitologias, dos heróis e dos seres sobrenaturais, para assim conhecermos novas culturas, povos e concepções de mundo.

A maioria das civilizações da antiguidade possuía uma grande quantidade de deuses em seu panteão (a morada das divindades). Os gregos antigos acreditavam que a Terra havia sido criada por diversos deuses, entre eles estava Zeus, Hades e Poseidon. No entanto, um conflito entre os poderosos e monstruosos titãs, seres vivos gigantescos, o poder passou totalmente para as mãos de Zeus, o deus dos deuses. Cronos, seu pai, iniciou este conflito e Zeus finalmente o derrotou mandando-o para o Tártaro, o terrível inferno grego. Após um entrelaçamento entre as culturas gregas e romanas, o panteão grego sucumbiu-se e sincretizou-se aos moldes de Roma. Zeus se tornou Júpiter, Poseidon se tornou Netuno etc. Passam-se os desertos do Oriente Médio e ultrapassam-se, demográfica e temporalmente, o mar Mediterrâneo. Temos agora o Egito Antigo, crente em milhares de divindades como Osíris, Ísis, Rá, Set e assim vai. A partir de uma briga entre o casal Osíris e Isis, contra os seus outros irmãos, o Egito e o Rio Nilo foram então criados. Já na Mesopotâmia, os deuses eram conhecidos como “as divindades do deserto”. Dentre todas essas civilizações, muitos eram os rituais e diferente eram as rezas, os mandamentos e as leis ditadas pelos sacerdotes e sacerdotisas.

Essa prática religiosa, no qual a cultura é voltada para muitos deuses, intitulam-se os povos de “politeístas” e, aqueles que acreditam em um deus só, “monoteístas”. Falando em monoteísmo, dentro de uma sociedade romana/judaica e nos vastos desertos do Oriente, nascem em diferentes datas e contextos históricos, dois conhecidos profetas de duas grandes religiões: Jesus, com o cristianismo e Maomé, com o islamismo. Cristo revolucionou o mundo religioso, suas palavras de amor, igualdade e verdade, levaram a Igreja Católica a intitular as demais práticas politeístas de “pagãs”, o que significa “aquele que não é cristão” (bem, na verdade, a palavra em latim “paganus” significa “aquele que mora no campo”, o que quer dizer que o cristianismo ainda não tinha atingido o interior rural, e conseqüentemente o povo ainda era politeísta). A Igreja e os papas abominaram o politeísmo e as práticas pagãs. Todo o resquício de cultura egípcia, grega ou romana encontrada pelo clero e pela Inquisição foi destruído – por sorte muita coisa se salvou. Quando os colonizadores chegaram na América, se depararam com civilizações também politeístas; os Incas, Maias e Astecas, além é claro dos povos nativos do Brasil e da América do Norte. Pirâmides de sacrifício, canibalismo, rituais, uma multiplicidade de ervas naturais, tudo isso foi banido, destruído e demonizado. Mais uma vez uma civilização, agora a européia católica, exterminava outra – de uma forma superior e aterrorizante.

“Mito é a religião dos outros”, disse certa vez um professor e historiador francês. Bem, muitas outras civilizações também tiveram, em demasia, seus deuses e heróis, como a chinesa, a japonesa, indiana e as africanas. Não nos é cabível julgar quem está certo ou errado. A religião é e sempre foi conflituosa. Suas vias sempre foram marcadas a ferro e fogo e sua batalha contra a ciência é algo milenar e que ultrapassa a renascença, as revoluções liberais e as grandes guerras mundiais.

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