O que é o tempo? Se ninguém pergunta isso, eu não me pergunto, eu o sei; mas se alguém me pergunta e eu quero explicar, eu não o sei mais.
(Agostinho de Hipona)

sábado, 13 de outubro de 2012

O filme anti-islã e a intolerância religiosa


Recentemente, ondas de violentos protestos islâmicos, diferentes daqueles decorrentes da Primavera Árabe, ocorreram em diversos países do globo – e não apenas nas nações do Mundo Árabe. Diversas embaixadas norte-americanas foram destruídas e incendiadas, um embaixador foi morto. Muçulmanos de diversos países (França, Austrália, Afeganistão, Palestina, etc.) saíram às ruas para protestar contra um longa-metragem dirigido nos EUA a mando de um judeu milionário, longa que difamava – de diversas maneiras – o nome de Maomé, profeta da religião islâmica, atualmente, a religião que mais cresce no mundo. Mas seria o filme “anti-islã”, como ficou midiaticamente conhecido, de cunho xenofóbico e preconceituoso, o causador de tanta dor e sofrimento, logo, os geradores de tanta violência, provenientes de um povo cultural, política e socialmente diferente?

De acordo com a jornalista Marina Mattar, chefe da redação do site de notícias Opera Mundi, “os protestos estão envolvidos em uma miscelânea de atores, interesses e motivações, que incluem indivíduos, organizações políticas e Estados, e exigem um olhar crítico, distante de estereótipos ou preconceitos [...] o filme pode ter funcionado como uma faísca em um campo de trigo seco, onde grande parte da população está descontente com a política norte-americana para a região e organizações disputam o poder”. Não é nenhuma novidade para aqueles que procuram se desvincular da manipuladora mídia internacional, ou e daqueles que enaltecem os Estados democráticos “livres” – que de “livres” não tem nada – que o Mundo Árabe vem constantemente sendo invadido, militar e politicamente, por nações ocidentais visando interesses econômicos além de nossa vã imaginação. Torna-se clichê repetir tal afirmação. Dia após dia, potências ocidentais, “cristãs, brancas e civilizadas”, como um câncer, exterminam famílias e vidas inocentes em territórios muçulmanos.

Afirmar que a intolerância e a barbárie reinam no Mundo Árabe em decorrência de sua crença é errôneo e extremamente preconceituoso. São mundos diferentes, temporalidades diferentes, culturas e mentalidades diferentes. Há limites na comparação entre o cristianismo e o islamismo. Não seria o mesmo que afirmar que o cristianismo é violento por abrigar grupos protestantes que defendem a superioridade racial dos brancos? Ou, do ponto de vista histórico, crer que as Cruzadas, sanguinárias guerras iniciadas pela Igreja Católica, ou a Inquisição, aparato sistêmico de tortura medieval e moderno, não podem ser considerados “barbárie ou irracionalidade”, como afirmaram jornais ocidentais contra os islâmicos?
“Nós nunca insultamos nenhum profeta – nem Moisés nem Jesus – então por que não podemos pedir que Maomé seja respeitado?”, questiona o egípcio Ali ao jornal New York Times. Por que mesmo? Pense bem nisso.

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