Recentemente, ondas de
violentos protestos islâmicos, diferentes daqueles decorrentes da Primavera
Árabe, ocorreram em diversos países do globo – e não apenas nas nações do Mundo
Árabe. Diversas embaixadas norte-americanas foram destruídas e incendiadas, um
embaixador foi morto. Muçulmanos de diversos países (França, Austrália,
Afeganistão, Palestina, etc.) saíram às ruas para protestar contra um
longa-metragem dirigido nos EUA a mando de um judeu milionário, longa que
difamava – de diversas maneiras – o nome de Maomé, profeta da religião
islâmica, atualmente, a religião que mais cresce no mundo. Mas seria o filme “anti-islã”,
como ficou midiaticamente conhecido, de cunho xenofóbico e preconceituoso, o
causador de tanta dor e sofrimento, logo, os geradores de tanta violência,
provenientes de um povo cultural, política e socialmente diferente?
De acordo com a
jornalista Marina Mattar, chefe da redação do site de notícias Opera Mundi, “os
protestos estão envolvidos em uma miscelânea de atores, interesses e
motivações, que incluem indivíduos, organizações políticas e Estados, e exigem
um olhar crítico, distante de estereótipos ou preconceitos [...] o filme pode
ter funcionado como uma faísca em um campo de trigo seco, onde grande parte da
população está descontente com a política norte-americana para a região e
organizações disputam o poder”. Não é nenhuma novidade para aqueles que
procuram se desvincular da manipuladora mídia internacional, ou e daqueles que
enaltecem os Estados democráticos “livres” – que de “livres” não tem nada – que
o Mundo Árabe vem constantemente sendo invadido, militar e politicamente, por
nações ocidentais visando interesses econômicos além de nossa vã imaginação.
Torna-se clichê repetir tal afirmação. Dia após dia, potências ocidentais,
“cristãs, brancas e civilizadas”, como um câncer, exterminam famílias e vidas
inocentes em territórios muçulmanos.
Afirmar que a
intolerância e a barbárie reinam no Mundo Árabe em decorrência de sua crença é
errôneo e extremamente preconceituoso. São mundos diferentes, temporalidades
diferentes, culturas e mentalidades diferentes. Há limites na comparação entre
o cristianismo e o islamismo. Não seria o mesmo que afirmar que o cristianismo
é violento por abrigar grupos protestantes que defendem a superioridade racial
dos brancos? Ou, do ponto de vista histórico, crer que as Cruzadas,
sanguinárias guerras iniciadas pela Igreja Católica, ou a Inquisição, aparato
sistêmico de tortura medieval e moderno, não podem ser considerados “barbárie
ou irracionalidade”, como afirmaram jornais ocidentais contra os islâmicos?
“Nós nunca insultamos
nenhum profeta – nem Moisés nem Jesus – então por que não podemos pedir que
Maomé seja respeitado?”, questiona o egípcio Ali ao jornal New York
Times. Por que mesmo? Pense bem nisso.
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