O que é o tempo? Se ninguém pergunta isso, eu não me pergunto, eu o sei; mas se alguém me pergunta e eu quero explicar, eu não o sei mais.
(Agostinho de Hipona)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Política itarareense: entre a mídia e o povo


Quando se discute a respeito da atual esfera política itarareense, como qualquer outra discussão voltada para os tortuosos caminhos da política, a neutralidade se faz inexistente e os ânimos acaloram-se. Por mais que em toda a discussão do gênero exista uma oposição e uma ala governista, além das mais variadas ideologias e facções partidárias, as realidades sociais além dos holofotes da administração pública são, digamos, bastante diferenciadas e muito mais complexas do que possamos sequer imaginar. E não nos enganemos, pois essa mesma “realidade” também é múltipla, já que vivemos em um hemisfério – mesmo estereotipado como “cristão, branco e civilizado” – miscigenado, plural e em constante transformação. 

Sem sombra de dúvidas, os partidos e facciosismos, suas intrigas e trivialidades, fazem parte da comunidade e de nossa vida quotidiana, por isso a alienação em momentos como este é o maior dos malefícios. Não podemos de maneira alguma nos desconectar daqueles que, teórica e literalmente, nos representam.

Escreveu certa vez Bertold Brecht, poeta e pensador alemão, que o pior dos analfabetos é o analfabeto político, pois não possuía os conhecimentos mesmo básicos da realidade econômica e social, e mesmo da intricada rede de relações humanas que se fiam entre governantes e governados. Ter este conhecimento da realidade nos âmbitos regional, nacional e global, se mostra benéfico, pois se aqueles que a administram abraçam os males hipócritas da corrupção e do cinismo, ou surpreendentemente almejam a mudança em meio ao caos instaurado, é nosso trabalho criticá-lo ou ajuda-lo, depô-lo ou então defendê-lo. 

Em meio a isso, a atual realidade política de nosso município evidencia ser bastante paradoxal. “Cai” uma administração que, jurídica e moralmente, está com a corda no pescoço – se é que não será de vez enforcada– e levanta outra com anseio por mudanças e intelectos convictos que, de uma maneira ou de outra, os fantasmas do passado serão por fim extirpados, e a política finalmente se revelará como uma espécie de artífice na vida das massas trabalhadoras e cidadãs.
Apenas no mês de janeiro presenciamos atos de coragem e de ativismo, como por exemplo, a limpeza de dezenas de ruas completamente esquecidas (não de todas, já que os automóveis da prefeitura estavam em um estado calamitoso); 9% de aumento do salário do funcionalismo; o pagamento de uma dívida colossal deixada pela antiga administração; debates junto a deputados federais visando planos e propostas inovadoras para Itararé; a reorganização de horários do Paço Municipal; o mutirão de limpeza na Barreira – localidade turística que é símbolo da região – e projetos culturais para uma nova Biblioteca, tudo encabeçado pelas respectivas coordenadorias e o auxílio de alguns munícipes. Ao mesmo tempo, a prefeitura promove reuniões e debates visando à melhoria de setores que carecem de uma observação um pouco mais atenta, como a segurança publica e o investimento empresarial.

Há, como sempre, um incômodo. Na verdade existem tópicos interessantes para serem debatidos e trabalhados coletivamente pelos habitantes de Itararé. Leia-se bem: habitantes. Povo. População. Grupos cívicos dispostos a mudar o que, aparentemente, parece imutável. Problemáticas que acabam alienando de forma violenta toda uma cidade, toda uma sociedade. O campo midiático é uma delas!

Não apenas um sustentáculo poderoso de um governo, corporação ou grupo, a imprensa exerce uma categórica influência ideológica em leitores mais desavisados. Circulam em Itararé, por exemplo,veículos informativos de mediocridade e omissão alarmantes, incoerência e tendenciosidade gritantes. Não obstante, toda uma parcela da população se alimenta e vomita dos mesmos discursos e das mesmas barbaridades de seus respectivos periódicos. “Uma mentira contada mil vezes, torna-se verdade”, dizia o famoso propagandista do Partido Nazista, Joseph Goebbels. Ainda mais em uma cidade onde boatos e fofocas sobem ao pódio como verdades absolutas.
Precisamos urgentemente de uma mudança brusca nos paradigmas dos mais variados grupos que compõem a nossa comunidade. A administração, sozinha, nunca orquestrará uma mudança radical como tanto almejamos, ou alguns de nós pelo menos.

Ou iniciamos juntos uma nova era de ativismo sócio-político ou continuaremos estanques, inertes perante algumas velhas “hienas” que dificilmente se moverão para que algo de concreto realmente ocorra. Mas continuarão rindo e agindo nos bastidores, em desespero por uma presa fácil. Por isso, ter conhecimento dos reais eventos políticos – e não de fofocas, acusações inescrupulosas, estórias de desocupados e religiosos atemorizados por “maldições”– e mais, debater sobre uma nova maneira de se reportar as notícias em nosso município, além de pensar e de agir sobre elas, tornam-se temáticas de suma importância para todos nós.

Fonte: Virtual Guia (link: http://www.virtualguia.com.br/artigo/13/politica-itarareense-entre-a-midia-e-o-povo-por-luis-felipe-genaro.html)

Nenhum comentário:

Postar um comentário