O que é o tempo? Se ninguém pergunta isso, eu não me pergunto, eu o sei; mas se alguém me pergunta e eu quero explicar, eu não o sei mais.
(Agostinho de Hipona)

sábado, 30 de março de 2013

Os inimigos íntimos de Itararé


Tzvetan Todorov, filósofo e linguista búlgaro, em uma de suas mais recentes obras de análise política da era contemporânea, discorre a respeito das perversas “erosões” na democracia ocidental. Controverso e questionável, Todorov nos alerta: há inimigos íntimos no seio de nossa sociedade gestados pela própria democracia. Preocupante se torna sua tese quando focamos nossas lentes de análise para nossa realidade regional, nesta rede de relações que se fia entre a população da nova cidade de Itararé. 

“Nova cidade” porque se concluiu após a queda da gestão anterior uma página obscura de indiferenças tanto nos gabinetes públicos como na esfera civil. Vivemos um momento histórico: a cidade se reconstrói, há grupos que se mostram motivados e a política se evidencia como um artífice transformador no quotidiano dos cidadãos comuns.  Há no entanto, como Todorov afirma, certos inimigos íntimos entre nós. Inimigos dos valores por nós tanto estimados como a igualdade, o progresso socioeconômico, a transparência e a honestidade (conceitos que são e devem ser problematizados, pois são históricos). Indivíduos que em suas maquinações diárias trabalham contra o atual cenário de renovação. Um cenário que mesmo imerso em um rígido e burocrático sistema, exibe resultados impensáveis em apenas três meses de governo. 

Pensemos, por exemplo, no campo midiático. Tzvetan Todorov expõe em sua obra que uma das formas mais conhecidas de “tirania social” na atualidade é a própria imprensa – quando usada para desinformar, omitir e compactuar com trâmites que podem levar uma significativa parcela de leitores à alienação da realidade. Aceitar que as coisas continuem como estão, mesmo nos trilhos do des
envolvimento, seria também um grande equivoco. Fiscalizar a esfera pública se mostra diariamente necessário.

Ou trabalhamos em sintonia com a atual administração, que já se mostrou competente o bastante para promover as mudanças que tanto almejávamos, ou as sementes plantadas não germinarão. Frente a uma equipe liderada por uma das pessoas mais capacitadas que conheci, regresso anseia apenas os inimigos íntimos do município. Permanecem à sombra de seus novos e velhos periódicos, das comunidades e grupos virtuais e seus projetos para um futuro por eles já traçado. Um futuro que se de meus esforços depender, jamais se realizará.

Fonte: jornal Itararé News, Ano I, Edição 012.

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