“A
imprensa separa o joio do trigo. E publica o joio”, afirmou Adlai Stevenson,
vice-presidente dos Estados Unidos da América durante o governo de Grover
Cleveland (1893-1897). A meu ver, escrevo para um jornal que consegue fazer tal
separação, e por isso parabenizo aqui o “Itararé News”. Ele permanece atento
aos diversos problemas da cidade, mas também aplaude as conquistas de seus
habitantes e de seu governo. Contudo, na esfera midiática itarareense são
poucas as mídias que se portam de tal forma. Não é a primeira vez que analiso
de forma crítica a imprensa de Itararé, e saiba meu caro leitor, que essa não
será a última. Você deve estar se perguntando as minhas razões. Pois bem.
Preocupa-me
o sensacionalismo, a falta de transparência e a mediocridade dos jornais que
circulam por nossas ruas e bairros. Seus despreocupados leitores, não tolos ou
ignorantes, mas despreocupados, tomam os discursos ali encaixados como verdades
absolutas e fatos inquestionáveis. Como uma cobra ao deslizar em um gramado
seco, agitam todos a sua volta, transformando a realidade e colocando tudo em
xeque. Ao folhear os textos recém-publicados de inúmeros jornais da região, me
recordo dos tempos conturbados da França pré-revolução. Diversos eram os
panfletos que circulavam no decadente reino de Luis XVI. Zombavam da impotência
do rei, do anseio sexual da rainha, das luxúrias do clero católico e das
patifarias da nobreza de Versalhes. Meias mentiras, meias verdades. Claro, os
tempos são outros, mas estariam hoje tais “panfletos jornalísticos” colocando
toda a transformação política que assistimos nestes últimos meses em Itararé,
em xeque?
Segundo
o escritor George Orwell, com “a invenção da imprensa tornou mais fácil
manipular a opinião pública, processo que o filme e o rádio levaram além [...]
existia pela primeira vez a possibilidade de fazer impor não apenas completa
obediência à vontade do Estado, como também completa uniformidade de opinião em
todos súditos”. Voltando-se para nossa realidade, a “obediência” da qual Orwell
se refere recai sobre os ombros de grupos que podem colocar tudo a perder. Não
sou contra a imprensa investigativa e a fiscalização, a diversidade de jornais
e muito menos contra a liberdade de informação. No entanto, faço um alerta:
tomem cuidado com os discursos e fatos distorcidos. Vivemos tempos de mudanças.
Há inúmeros problemas a serem sanados, crendo piamente que eles logo serão. O
interesse de tais indivíduos, como o exemplo da cobra no gramado, desliza
sorrateiramente. Interesseiros que almejam o fim das atuais transformações,
dando também um fim a nossa cidade, ao nosso povo e ao nosso futuro!
Fonte: jornal Itararé News.
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