O que é o tempo? Se ninguém pergunta isso, eu não me pergunto, eu o sei; mas se alguém me pergunta e eu quero explicar, eu não o sei mais.
(Agostinho de Hipona)

domingo, 29 de setembro de 2013

Os donos do poder em Itararé: a Câmara Municipal, a imprensa e a opinião pública:

    Durante anos, para não dizer décadas, a cidade de Itararé esteve imersa em um oceano de descaso político que, se observarmos em retrospecto, chega a nos assustar. Contudo, não a nos surpreender. Oras, é sabido por mim e por você de todas as “concessões”, “arranjos” e rastros de corrupção moral e financeira que das últimas duas administrações jorraram como uma fonte interminável.
    Se não fosse a esfera judiciária na passagem de 2012 para 2013 impedir com louvor que continuássemos caminhando rumo à estagnação e a ignorância, a ordem vigente jamais seria alterada, e de praxe, teríamos que engolir a seco mais quatro longos anos.
   Justiça feita, as estruturas de poder no Executivo foram bruscamente alteradas. Uma liderança séria e transparente ergueu-se. Hoje, secretários e coordenadores trabalham diariamente visando reconstruir e reerguer Itararé, tanto nos âmbitos do turismo, da educação, da cultura e das finanças como no de serviços gerais. Uma reconstrução árdua, envolta de problemas e percalços técnicos e humanos.
    Ainda assim permaneço intrigado e inquieto. Percebo que algo não mudou. Podemos constatar por fim que os donos do poder e a força da tradição, sem contar a ignorância de uma parcela da população que jamais participou da política e vive alienada às transformações ao seu redor, permanecem enraizados em nossa terra. Mas afinal, caro leitor, quem são os donos do poder em Itararé?
    Se analisarmos atentamente, com a mudança benéfica nos rumos político-administrativos deste ano os donos do poder se fortaleceram de tal modo que chegou a hora de agirmos uma vez mais. Afinal, como diria o antropólogo Darcy Ribeiro, “senhorios velhos se sucedem em senhorios novos”.
    Durante séculos, e a História poderá nos esclarecer, é sabido que nos interiores do Brasil o poder e a autoridade sempre estiveram atrelados aos grupos dominantes que buscaram influenciar o povo a partir de seus nefastos interesses: as páginas dos jornais – lidas como se fossem verdades absolutas e usadas para fins eleitoreiros –, as cadeiras dos nobres edis (os vereadores), e até mesmo as mansões de uma elite comercial em ascensão, mentalmente fraca, como podemos observar em Itararé.
    É correto, ou moralmente aceitável, veículos de imprensa como rádios e jornais serem propriedade de homens públicos, como por exemplo, vereadores? As relações sociais, os acontecimentos e a informações cotidianas passam a ser então manipuladas por estes homens. Isso não é novo. Basta nos informarmos!
    Outros exemplos podem ser aqui destacados: cidadãos da oposição passam a divulgar fatos equivocados e discursos distorcidos pela internet. Sujeitos que mesmo envoltos de denúncias e processos judiciais continuam a propagar uma moralidade vã, falsa e ambiciosa. Outros vão ainda mais longe e começam a “trabalhar” desde já nas vilas e bairros da periferia visando futuras eleições.
    Segundo o jurista Raymundo Faoro, “a comunidade política conduz, comanda, supervisiona os negócios, como negócios privados seus, na origem, como negócios públicos depois, em linhas que se demarcam gradualmente”. Neste caso, o público e o privado mesclam-se para o bem do povo? Pode um vereador ser também um barão da imprensa?
    Não estou fazendo generalizações, pois existem vereadores sérios e jornais engajados. Mas são poucos. Um ou outro. Se nada fizermos para que os velhos e novos donos do poder despenquem de seus pedestais, quando menos esperarmos será tarde demais. Atualmente, nossa oposição, algo saudável em qualquer sistema democrático e pluripartidário, se concretiza em Itararé em um grupo maléfico, interesseiro e estrategista.
    Acorda ó povo itarareense, debata, leia, se informe da verdade dos fatos, ou assista sua ruína nas mãos dos poderosos.

Artigo publicado pelo Itararé News - 25/09/2013

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