O que é o tempo? Se ninguém pergunta isso, eu não me pergunto, eu o sei; mas se alguém me pergunta e eu quero explicar, eu não o sei mais.
(Agostinho de Hipona)

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Onze meses de governo Ghizzi e o perigo da “dupla oposição”: a virtual e a engravatada

      Lembro-me como se fosse ontem o título e repercussão de meu primeiro artigo no jornal Itararé News, periódico semanal que tanto estimo frente à boçalidade de nossa imprensa nativa. Intitulado Os Inimigos íntimos de Itararé, almejei provocar em meus leitores uma rápida reflexão a respeito de nosso conturbado cenário político.
      Não obstante, fui enfático ao apontar sujeitos públicos, já outros nem tanto assim, que movidos por uma salivante busca por poder e dinheiro repudiaram as transformações estruturais ocorridas no Executivo após o 1º de Janeiro e, sem pestanejar, continuam sua “luta diária” contra a “imoralidade” da nova gestão.
      Onze meses se passaram desde que a justiça eleitoral diplomou Cristina Ghizzi e José Eduardo como os legítimos representantes de nosso município. Um município há duas décadas abandonado, inerte, sem perspectivas, estratégias e projetos, transformado em um pequeno cassino onde falsos representantes do povo desviaram, fraudaram e corromperam a máquina pública como se não houvesse o amanhã.
      Após o 1º de Janeiro, enquanto diferentes grupos apoiaram a militância, o trabalho (e a candidatura) de Cristina Ghizzi contra a corrupção das últimas gestões, coincidentemente, oposicionistas surgiram ocupando espaços específicos na comunidade itarareense: tanto na nova e velha imprensa, nas rádios e na internet como também em algumas cadeiras do Legislativo.
      Mesmo aos trancos e barrancos, em meio a impasses técnicos e humanos, as transformações e avanços nas áreas da cultura, turismo, esporte, educação, saúde, etc., que nestes meses o itarareense experimentou, fizeram parcelas da população avistar um futuro possível e modificado. Um futuro onde nossa cidade possa crescer em seus mais variados aspectos, gerar empregos, formar cidadãos conscientes, jamais alienados de seu lugar social. Indivíduos participativos, agentes de um novo tempo.
      O esboço que abstraímos mostra-se repleto de obstáculos e a linha que traçamos este futuro, no entanto, é tênue. Os inimigos íntimos de Itararé parecem se fortalecer a cada dia – estejam eles detrás de seus computadores ou trajados de terno e gravata.
      A oposição virtual, mediante grupos e comunidades que abordam questões de cunho político atrelados principalmente à rede social Facebook, destila criticas vãs, destrutivas e sem qualquer embasamento em tons de espetáculo, um discurso manipulador atrás do outro recheado de muita desinformação.
      Pergunto aos meus botões onde estavam seus administradores, verdadeiras párias de um ou outro desocupado, em épocas passadas. Épocas onde o dinheiro público era realmente desviado e tratado muito mais como esterco que capim. Em compasso, a tradicional imprensa itarareense, que outrora prostrava-se perante políticos corruptos, ou como conceituei acima, nossa imprensa nativa – não pelos anais de sua história, mas por seu discurso vazio, conservador, apelativo e reacionário – se fortalece a cada dia. Atentem para o fato supracitado em meus artigos: jornais e rádios nas mãos de vereadores. Até quando seremos coniventes com tamanha barbaridade?
      Já os engravatados, por outro lado, tudo fazem para conquistar futuros votos. De forma visivelmente hipócrita sorriem para plebe como se a amassem. Desfiam autoridades com sua retórica eloquente tornando-se verdadeiros populistas. De popular mesmo só as letras de seus decadentes e aburguesados partidos.
      Em suma, três pontos devem ser esclarecidos/analisados sobre o cenário político itarareense e a gestão atual. 1) Em nossa época jamais observou-se tamanha transparência entre a máquina pública e seus representados. São realizadas semestralmente audiência públicas em horários acessíveis à população. Vale ressaltar: pouquíssimos comparecem (nem mesmo os críticos e oposicionistas). 2) Observo que poucos estratos da população permanecem “ligados” às informações, eventos e fatos, mesmo que banais, do que realmente ocorre nos bastidores da política. A maioria continua afastada das decisões e dos trâmites do poder. 3) O governo Ghizzi vem pecando em um ponto central: a comunicação. Peca por não defender-se das inúmeras calúnias que brotam na Casa de Leis, em jornais sensacionalistas e grupos virtuais. A comunicação entre governantes e governados é necessária, mas a comunicação entre aqueles e seus raivosos detratores é ainda mais importante.
     Só assim para que os inimigos íntimos de Itararé sejam desmascarados, e o futuro que aqui ilustramos torne-se realidade. Um futuro que o governo Ghizzi anseia e todos nós sabemos disso.

Fonte: jornal Itararé News - 27 de Novembro de 2013

4 comentários:

  1. Falta comunicação,sem dúvida.No inicio do governo ela tinha quem a defendesse no rádio e nos jornais.Mas ao que se sabe, houve um desentendimento entre ele e a prefeita e ele pediu demissão.Faz muita falta o José Antonio.

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    1. O Antonio José era o "CARA", administrador, estadista, competente, ousado e dinâmico poderia ajudar a dar uma nova cara nesta dministração e além de tudo comunicativo.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Parabéns pelo texto Genaro, como sempre, muito bom. Gostaria apenas de contribuir salientando que apesar dessa oposição desfocada que vergonhosamente ataca visando apenas lucro próprio eu sou testemunha de como as mudanças no quadro político de Itararé evoluíram nesse pouco tempo do governo da Cristina.

    Sempre que possível assisto às sessões da Câmara e participo de reuniões com a prefeita e a retidão de seu trabalho tem obrigado mesmo a oposição a procurar formar menos populistas para tentar debater e também tem elevado o nível das discussões.

    Porém é interessante deixar claro que é preciso ter não necessariamente uma oposição, mas uma participação popular que se envolva com as tomadas de decisões e discordar, caso seja necessário, para pedir alternativas para os problemas.

    Tentando disseminar essa semente do livre-pensamento e de uma consciência política participativa que surgiu o Clube da Luta que representa não uma oposição pois não se posiciona necessariamente em nenhuma vertente específica, porém claro, possuí raízes visivelmente de esquerda. Trata-se de uma nova forma de contribuir com a política junto com a sociedade que só se tornou possível graças à abertura feita pela nova gestão.

    E que mais e mais gente perca o medo e o descaso que foi alimentado durante anos para se envolver e se aproximar do governo da cidade, perguntando, se informando e dando a sua parcela de contribuição para que as coisas mudem verdadeiramente.

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